quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A sereia que virou bagre

Assisti pelo Facebook um vídeo que, a despeito de todas as críticas que possa receber dos politicamente corretos e noiados de plantão, me fez rir bastante. Uma mulher (por acaso gorda) nitidamente embriagada, leva uns caixotes na praia e não consegue se erguer, sendo atingida por uma sucessão de ondas, que só a fazem ficar mais sem ação. Bem, aqui está o vídeo:


http://sorisomail.com/partilha/160167.html


Já vi comentários acerca do possível preconceito que moveria as pessoas que rissem da pobre mulher, mas sem querer tirar o meu da reta, preconceituosos mesmo foram aqueles que estavam lá e nada fizeram para ajudar a coitada. Aposto (e sei que ganharia) que se fosse uma Juju Panicat da vida, pelo menos uma dúzia de homens estaria lá para resgatá-la daquela talassoterapia involuntária. Tudo bem que o aparentemente exarcebado peso da agonizante poderia oferecer certo trabalho, mas nada que três ou quatro homens não pudessem fazer. Com MUITA VONTADE de ajudar o próximo, até um. Vê-se, já quase no final do vídeo, que algumas crianças tentam fazê-lo, obviamente dando-se conta da inpossibilidade, e até mesmo do perigo. Contudo, projetam-se para ela, estendem-lhe a mão, ensaiam um auxílio, movidos pelo instinto de solidariedade que nem todos possuem.

E porque ri? Não ri por ela ser mulher e gorda. Ri como riria de qualquer um, homem, mulher, magro, negro, branquelo. E mais ainda, não ri da pessoa, e sim da situação. Afinal, já passei uma semelhante. Graças ao bom Deus, numa época em que as câmeras digitais engatinhavam no mercado, e os telefones celulares, verdadeiros tijolinhos, estavam beeeem longe de possuir câmeras...

Foi lá pros idos de 2002. Início de namoro, encantos irretocáveis. O incidente ocorreu bem na delicada fase do namoro quando se quer parecer perfeito(a) aos olhos do outro(a).

Fomos pela primeira vez à praia, e havíamos tomado umas cervejinhas. Eu, que adoro nadar e não estava nem mesmo "alta", resolvi ir para água, me refestelar. O jovem que me acompanhava preferiu ficar na areia. Era daquelas pessoas que dizem "respeitar o mar", maneira eufemística de dizer "me borro de medo de entrar nessa banheira oceânica". Dei um último gole, lancei para ele aquele olhar 43 e me ergui, caminhando sedutoramente até o mar. Joguei-me deliciosamente e deixei as águas me abraçarem, me dizendo o quanto eu era amada pela natureza, uma sereia. Sim, uma sereia... lá da areia, o rapaz por certo me observava, embevecido com meu desembaraço, minha intimidade com o mar que ele tanto temia. Que estava meio brabinho, aliás, mas isso era um detalhe. Ondas batiam em minhas costas, raios de sol beijavam minha pele, gotas como estrelas pontilhavam minha face radiante... ele me olha... ele me admira...

 As ondas foram ficando mais frequentes. Para não me desequilibrar tão muito, resolvi ir no ritmo delas, ensaiando uns "jacarezinhos" (não à toa, hoje acho isso mais patético que banho de mangueira na laje). Bem, o que se deu em seguida foi que tomei uns caixotes muito dos feios, e foi numa situação bem desconfortável: justamente quando queria parecer aos olhos daquele bofe a mulher mais sedutora, mais cool do planeta. Quis parecer uma sereia séquici e paguei de oferenda recusada por Yemanjá. Fui rolando até onde batiam as canelinhas das crianças. Mas consegui me erguer, e caminhei resolutamente até onde o efebo estava. Em minha cabeça, além do "ziiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiin" causado pelo excesso de água em meus ouvidos, ecoava "elenãoviuelenãoviuelenãoviuelenãoviuelenãoviu".

Entretanto, como merdas são infinitas, percebi que além de presenteá-lo com aquele espetáculo, eu agora possuia "um detalhe a mais": um volumoso depósito de areia nos fundilhos do maiô... foi como fazer uma mudança de sexo relâmpago. E na certa, meu recém adquirido "detalhe" causaria inveja a um ator de filme pornô.

Sentei-me ao lado dele, que gentilmente já tinha a postos uma lata de cerveja geladinha. Tirei os cabelos da minha cara para beber, quase num gole só, enquanto ele permanecia em silêncio. Enfim, após quase esvaziar a lata, perguntei:
- Você viu aquilo, não viu?
- Vi sim.
E riu até quase morrer. Tive que rir também.

...

Epílogo: dias depois, tive também que ir ao otorrino, tirar a água de um ouvido. Tinha ficado surda dele por uma semana por causa da minha "talassoterapia involuntária".

3 comentários:

  1. ja tive um episodio assim que se chamava "era melhor ter ficado na Pedra" Adorei!

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  2. Ô amigo, me conta essa história aí dia desses, não regula essas coisas, não! XD

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  3. com essa besteira de politicamente correto perdemos o direito ao riso, parece idade média...
    vc torna o seu episódio mais interessante ainda, hahaha, muito bom! criatividade agussada!
    bjss,

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